Família: a raiz de todas as culturas
Ao acompanharmos o desenvolvimento do homem através da narrativa de Gênesis, nós podemos observar que características peculiares a certos indivíduos começam a se fortalecer e a se multiplicar em suas famílias.
E então, conforme a família cresce, essas mesmas características se amplificam na tribo, na nação e na cultura.
Veja por exemplo a tendência de Abraão de ser manipulador, às vezes, até desonesto, especialmente no que se refere às mulheres da família.
No capítulo 12 de Gênesis, para se proteger, Abraão engana o faraó sobre a natureza de seu relacionamento com Sara.
Apesar das promessas de Deus no capítulo 15, Abraão se deixa convencer a ter um herdeiro através de uma concubina e então se inicia a história dos ancestrais de Ismael (Capítulo 16).
No capítulo 20, Abraão novamente enfrenta perigo e mente a Abimeleque sobre sua esposa.
Isaque nasce e se casa com Rebeca e no capítulo 26, também para proteger sua vida do perigo, repete a característica familiar mentindo sobre a natureza de seu relacionamento com sua esposa.
Jacó então entra na história e, com o auxílio de sua mãe, engana Isaque com relação à sua identidade para poder roubar a benção de Esaú.
Jacó então foge para a casa de parentes em Padã-Arã, onde conhece sua parceira na família de seu tio e futuro sogro, Labão.
Daí, começa-se uma guerra entre Jacó e Labão. Os dois passam 21 anos tentando ver quem saía ganhando mais na questão sobre Raquel.
Dá para começar a perceber a repetição e a ampliação do padrão de pecado?
Quando Jacó foge de Labão e instala sua pequena tribo em Siquém, vícios pessoais de caráter, os quais tinham se tornado traços familiares destrutivos, explodem em um desastre tribal.
No capítulo 34, a filha de Jacó é violentada pelo Príncipe de Siquém, que sente remorso e, na verdade, ama Diná e é amado por ela.
Os filhos de Jacó, em nome da honra da família e das muitas riquezas adquiridas, enganaram e, por fim, assassinaram todos os homens da tribo siquémita.
Um traço de caráter faz seu percurso, torna-se parte da identidade cultural e resulta em genocídio.
Essa característica de traição se aloja na família até José, levando Israel ao Egito para 400 anos de exílio e escravidão.
Por sua vez, José também se depara com muitas oportunidades de enganar ao ser tratado com injustiça por Potifar e sua mulher, pelo copeiro, pelo padeiro e, finalmente, com muita tentação, pelos seus próprios irmãos.
Mas, ele se recusa a enganar e é usado por Deus para salvar sua família, sua tribo, e a nação que o hospedava, de um grande período de fome.
Claro que Deus nos ensina diversas coisas em Gênesis, mas, com certeza, um dos temas principais é a influência de indivíduos nas famílias, das famílias nas comunidades, e finalmente, das comunidades nas tribos.
O discipulado das nações começa em casa!
Ref.: COPE, Landa. O modelo social do Antigo Testamento. Editora Vida.